Congresso LIFE traz insights para ‘ficar na memória’

O Congresso LIFE – Liderança Feminina em Movimento, um dos grandes eventos anuais da ABRH-SP, trouxe em sua 10ª edição insights a partir do tema condutor “Liderança feminina no centro da transformação social e econômica”. Com reflexões “para ficar na memória”, o congresso reuniu na última terça-feira (17/06), no Teatro CIEE, em São Paulo (SP), especialistas e profissionais de Recursos Humanos das principais corporações do Brasil.

Em quatro painéis, o LIFE, mais uma vez, foi um espaço poderoso para trocas, experiências, construções e conscientização para ações transformadoras no universo do trabalho. “É muito importante realizarmos um evento com intenção. E nossa intenção com o Congresso LIFE é trazer à tona a importância da mulher na sociedade, na economia, no seu desenvolvimento profissional e pessoal. Sem dúvida, é um momento marcante”, afirmou Eliane Aere, presidente da ABRH-SP.

Na abertura do evento, Angela Miranda, conselheira ABRH-SP, destacou que o fortalecimento das mulheres é factível. “E a equidade de gênero não é uma pauta isolada”, completou. Atriz, apresentadora de TV e psicóloga, Maria Paula Fidalgo afirmou que nas ocasiões em que esteve em um palco, atuou por sua mãe e sua avó. Sobre equidade de gênero, tema recorrente nas discussões da ABRH-SP, ponderou: “Nossas filhas e netas vão receber um pouquinho mais dessa equidade pela qual lutamos.” Também presente na abertura, Mônica Vargas, superintendente nacional de Operações de Atendimento no CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), considerou que todo o movimento de mudança “deve colocar os jovens no radar”.

Em sua 10ª edição, o LIFE organizou o painel “Impactos da equidade na sociedade brasileira”. Como moderador, Arthur Bezerra (MINU) trouxe uma reflexão: “Toda crise apresenta oportunidades.” Como participante do painel, Edna Vasselo Goldoni (IVG) ponderou que vencer como mulher é acreditar na própria potencialidade. “Nós somos uma geração que precisou sair da caixinha em que nos colocaram. Ações como o LIFE engajam por trazer discussões que fazem a diferença”, disse. Christine Barbary (Lefan Seguros) corroborou com o seguinte insight: “Minha mãe uma vez disse que meu namorado era o meu trabalho. Mas desafios me trouxeram até aqui para desviar do que projetavam para a minha história.” Como contribuição, Geovana Quadros (Mulheres Inspiradoras) compartilhou uma percepção: “Quanto mais eu crescia na profissão menos mulheres eu via e percebia que nós ainda não temos representatividade em todas as esferas”. Patricia Secundino (RCP Papéis) destacou no debate a importância de os homens se descobrirem como aliados das mulheres. “Se tivermos homens que nos dão crédito, nossa voz será mais forte”, disse.

O talk “Ensemble – Histórias que inspiram” colocou no centro das discussões a ex-jogadora de vôlei Virna. Com uma carreira vitoriosa no esporte, ela trouxe para o LIFE uma reflexão realista sobre o universo feminino: “Nós somos capazes de nos reinventarmos. E, às vezes, é através de uma derrota que você se reinventa.” Este insight se conecta com o que pensa Vanessa Simões (VSX Pessoas). “Eu era a Vanessa associada a nomes de empresas. Hoje em redescobri e sou Vanessa Simões, consultora”. A “reinvenção” de Chris Ayrosa (Chris Ayrosa Projetos) encontra uma profissional com 70 anos de idade, “querendo desbravar o mundo com a tecnologia”.

No painel “Mulheres em Conselho: Fator estratégico e diferencial competitivo”, o moderador Jaime Almeida, diretor de DEI da ABRH-SP, afirmou: “Os conselhos são mais um dos espaços em que a representatividade feminina ainda está muito aquém do que precisa ser demograficamente. Existem mulheres com muita experiência profissional, ótima formação em programa de formação de conselheiras. Falta apenas a abertura de oportunidades para que elas levem suas contribuições e transformem positivamente o ambiente dos conselhos.” Na visão de Cibele Castro (Embraer), “o conselho muda com a participação de uma mulher. Ela traz outro tipo de olhar, mais conciliador, sem perder o rigor”. Para Adriana Alves (Pacto Global – Rede Brasil), não é possível a uma mulher trabalhar de forma isolada dentro de um conselho. “É preciso estar preparada e conhecer todas as áreas. Ao mesmo tempo, é necessário criar uma marca, uma carreira para além do nome da empresa”, ponderou. Sandra Comodaro (Grupo Conselheiras) destacou a importância da experiência no dia a dia. “Não dá para sentar em uma cadeira somente com a parte teórica”, reforçou.

No painel “A importância de aliados na equidade de gênero”, a mediadora Leyla Nascimento, presidente da ABRH Brasil, lançou um insight norteador do debate: “Não tem feminino ou masculino; os dois aliados estão em constante construção e a mulher tem que ser reconhecida pela competência que tem.” Participante da discussão, Theunis Marinho (coach e mentor) convidou a plateia do LIFE a refletir. “RH é a área com mais mulheres. Por que será?” A resposta, segundo ele, reside no fato de a mulher “ter mais sensibilidade e cuidado com o outro”. Rodrigo Dib (CIEE) trouxe dados relevantes. No mercado de trabalho, mais de 60% dos estagiários são mulheres. No ensino superior, 58% também são mulheres. “Quando é dada a oportunidade, elas se destacam”, disse, acrescentando um conselho aos gestores: “Precisamos trabalhar a confiança e o empoderamento da mulher para que ela consiga se posicionar de igual para igual e conquistar seu espaço.” Ao ser questionado sobre a mobilização sobre licença paternidade, Daniel Mazini (Wellhub) respondeu: “Como pai aprendi no nascimento de dois filhos a participar bastante da rotina”. Por essa razão, ele acredita que as empresas têm o papel de normalizar uma licença paternidade estendida, não como benefício, mas como um direito.

Em “A interseccionalidade como fator de evolução”, o painel trouxe uma reflexão da mediadora Gabriela Augusto (Transcendemos Consultoria): “Tudo o que não conseguimos medir, não conseguimos melhorar.” Como participante, Weena Tikuna, ativista e influencer indígena, estilista, cantora e palestrante, reforçou a importância de um legado de dignidade: “Nossa luta é pela vida e pela valorização dos saberes do povo.” Ana Marques, psicóloga PcD, escritora, palestrante, especialista em Diversidade na Smurfit Kappa e diretora do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, ponderou sobre as principais dificuldades enfrentadas por mulheres com deficiência para entrar no mercado de trabalho e alcançar cargos de liderança. “A cota, sozinha, não garante inclusão. O desenvolvimento de pessoas com deficiência dentro das organizações é muito importante. A empresa tem a responsabilidade de incluir e também de esclarecer todas as dúvidas dessas pessoas em suas atividades. Ninguém muda o mundo sozinho”, afirmou. Ao responder sobre os aprendizados mais importantes para as empresas, Marcia Bertolini, diretora de Gestão de Pessoas na Nestlé Brasil, considerou: “Não se deve fazer programas para cumprir metas, mas sim criar programas genuínos para ter legitimidade.” A participação de Sol Feliciano também surtiu reflexões importantes. Membro do Comitê de Conteúdo do Congresso LIFE, ela é gerente de RH na RCP Papéis, e participante de diversos conselhos e iniciativas de impacto, como Fundo Brasil de Direitos Humanos, Compir (Secretaria de Direitos Humanos de São Paulo), Coletivo Pretas do Pacto (Associação Pacto pela Equidade Racial), comitê de impacto da Alumni (Fundação Dom Cabral), além de ser embaixadora da Copai e da plataforma Jobcam. Também integra o conselho da Red Dogs, do instituto Fly Educação e colaborou no Comitê de Gênero do Startup20/G20. “Precisamos entender que não somos concorrentes; estamos buscando os mesmos caminhos em um meio em que falta representatividade. É preciso, neste processo, um olhar mais atento do RH”, finaliza.

Fonte: Assessoria de Comunicação da ABRH-SP (23, junho de 2025)